A bissexualidade é tendencialmente apagada das manifestações públicas de orgulho e/ou reivindicações LGBT* - Lésbicas, gays, bissexuais e trans. O colectivo pela visibilidade bisexual actiBIstas surgiu para combater preconceitos, destruir mitos e lutar contra a marginalização e invisibilização de que habitualmente as pessoas bissexuais são alvo, dentro e fora das comunidades LGBT.
Na marcha deste ano celebramos o nosso primeiro ano de existência, celebramos o orgulho bi, celebramos a liberdade de poder existir, sem constrangimentos relativos a quem amamos e com quem nos relacionamos.
Importa acrescentar que a bissexualidade, além de não ser uma identidade encerrada, funciona em articulação com todas as pessoas, e aglomera-se e articula-se com outras identidades como a pansexualidade, a omnisexualidade, a fluidez sexual, até a heterossexualidade, bem como com várias orientações relacionais, como a monogamia, o poliamor, as relações livres, etc. Buscamos relações afectivas que se pautem pela igualdade, que combatam a misoginia, que destruam estereotipos de género e outras dinâmicas de poder prejudiciais a quaisquer interacções entre pessoas.
A bifobia é uma realidade que vivemos quase diariamente. Há quem nos invisibilize, diga que não existimos, que estamos confusxs, que não sabemos o que queremos, que vamos aprender a amar “como deve ser”. Há quem diga que somos promíscuxs, que não conseguimos manter relações de compromisso, ou que somos egoístas e queremos tudo para nós. Isto acontece junto dxs nossxs amigxs gays e lésbicas e também com heterossexuais. Estamos na Marcha do Orgulho Gay, Lésbico, Bissexual e Trans* para dizer que a nossa identidade não é sinónimo de confusão. Que podemos ser promíscuxs se quisermos e não o ser, se não quisermos: e não há nada de errado nisto. Que não estamos confusxs por gostarmos de homens e mulheres, ou até por não ligarmos ao género. Que as nossas escolhas são tão válidas e honestas quanto as de qualquer gay e lésbica e hetero. Que é a maneira como estamos com as pessoas e como construimos as nossas relações que conta e não o conteúdo ou forma destas relações. Que temos direito à visibilidade e à nossa história. Quant@s de vocês sabem que uma das pessoas responsáveis pela organização do primeiro Pride foi uma mulher bissexual chamada Brenda Howard (1946-2005)? As pessoas bissexuais estão presentes na história do movimento LGBT desde o seu início, bem como todos os dias, não podendo continuar a ser apagadas dele.
Estaremos nesta marcha para dizer que também temos direito a este espaço. Que a exclusão e discriminação que vivemos no meio hetero e no meio LGBT têm que parar. Este é também o nosso lugar.
Estaremos nesta marcha também porque vivemos num país e numa Europa em mudança, que não se avizinha amigável para pessoas estigmatizadas, que ameça estabilidades sociais, afectivas e financeiras de todas e todos. Estaremos presentes porque continuamos a querer direitos iguais e a merecer respeito e liberdade, e não nos satisfaremos com menos do que isso.
ActiBIstas- colectivo pela visibilidade bissexual